terça-feira, 22 de agosto de 2017

Cena corriqueira na Câmara Municipal de São Paulo: vereador Camilo Cristófaro discute com depoente da CPI da Feira da Madrugada, recebe resposta enviesada e ameaça com voz de prisão

Durante mais uma sessão da CPI da Feira da Madrugada, que apura irregularidades neste conhecido ponto de comércio ambulante que funciona na região central da cidade com a permissão do poder público municipal pelas mãos de um consórcio particular, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) repetiu uma cena que vem se tornando rotineira: bateu boca com um dos depoentes, recebeu uma resposta enviesada e ameaçou dar voz de prisão para encerrar a discussão.

Ao depor aos membros da CPI, Manuel Simão Sabino Neto, presidente de uma associação de comerciantes da Feira da Madrugada e intermediador na compra e venda de boxes no local, foi questionado pelo vereador Camilo Cristófaro em tom de voz alterado, como de costume, mas resolveu replicar à altura, iniciando uma cena desnecessária e constrangedora.

— O que o Sr. está rindo? - perguntou o vereador. — O Sr. respeite esta CPI!

— Eu tenho a liberdade de rir - respondeu o depoente. — Não estou faltando com respeito.

— O Sr. está aqui como ilegal!

— Mas o Sr. também é acusado de ilegal pela Justiça Federal!

Pronto! Foi o que bastou para o vereador ficar possesso e ameaçar dar voz de prisão ao comerciante. Acusou-o de leviano, pois, segundo Camilo Cristófaro, o fato citado para atingi-lo não é matéria da Justiça Federal, como alegado, mas uma acusação do Tribunal Regional Eleitoral com apuração da Polícia Federal sobre supostas doações ilegais de campanha. "Polícia Federal não é Justiça Federal", berrou o vereador, repetidas vezes. "Além disso, a Polícia Federal já mandou arquivar o caso!"

A temperatura das reuniões da CPI é esta, semanalmente. Vamos ver, ao final dos trabalhos, no que vai resultar tanta gritaria. Assista um trecho aqui.