sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Secretário de Governo do prefeito João Doria, Julio Semeghini (ou "Semingana") é acusado de mentiroso e não confiável; enquanto a própria base trava discussão do "X-Tudo" com suspeita de lobby

Mais uma semana polêmica e improdutiva no plenário da Câmara Municipal de São Paulo. Nem mesmo a discussão do substitutivo "X-Tudo" do prefeito João Doria (PSDB) ao Projeto de Lei 555/2015, que institui um programa de incentivos fiscais e propõe uma série de importantes mudanças tributárias na cidade, ocorreu pelas duas horas previstas nesta quinta-feira, 19.

A sessão acabou sem quorum após o pronunciamento contrário do vereador Eduardo Tuma (PSDB) e da pancadaria verbal que o secretário de Governo Julio Semeghini recebeu dos vereadores Souza Santos (PRB) e Camilo Cristófaro (PSB), com acusações e xingamentos. O presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), chegou a intervir em defesa do secretário do prefeito, determinando que alguns termos mais ofensivos fossem retirados das notas taquigráficas.

De acordo com Souza Santos, o secretário Semeghini "não é um homem confiável". Ele teria telefonado ao vereador para dizer que, por sua culpa, o governo havia sido prejudicado ao ter a pauta de votações emperrada. Relata a ligação em tom de ameaça e que o secretário lhe bateu o telefone na cara. Isso "acordou um leão" que havia nele, afirmou, e ainda concluiu indignado"Na cara que minha mãe beijou, ninguém bate!”.

Afeito a discursos histriônicos, Camilo Cristófaro foi na mesma linha, chamando o secretário "Semingana" de mentiroso e acusando-o de ter ameaçado tomar a vaga do suplente Caio Miranda (PSB) com o retorno da titular do mandato, Aline Cardoso (PSDB), que ocupa a Secretaria do Trabalho na gestão do prefeito João Doria.

Mas não foi apenas o ataque ao secretário que marcou a rápida sessão. Houve acusação de lobby de empresas como a Qualicorp, que, segundo os vereadores Tuma e Gilberto Natalini (PV), seria uma das beneficiárias diretas na redução da alíquota do ISS prevista no pacotão de mudanças tributárias que irá a votos no plenário.

Veja aqui informações detalhadas sobre a proposta do governo, que terá uma única e definitiva votação: Projeto "X-Tudo" de Doria prevê de incentivo para hotéis e motéis em área de preservação ambiental até imposto para Netflix e isenção a escolas de samba, blocos carnavalescos e cooperativas de transporte

Vai ser curioso também ver a bancada evangélica, que compõe a base de sustentação do prefeito, aprovar o projeto que prevê, entre outros incentivos, a instalação de motéis e "congêneres" no Polo de Ecoturismo da zona sul da cidade. Logo os evangélicos, que são tão combativos a qualquer detalhe que fuja da tradicional cartilha fundamentalista... :-)

Também não houve entendimento para a votação do pacote de projetos de autoria dos próprios vereadores. Veja aqui alguns detalhes: Parto agendado na rede pública? Narguilé proibido para menores? Terapia floral na UBS? Nota fiscal no banco? Moradia popular para casais homoafetivos? Conheça os projetos em pauta na Câmara

Nem é preciso oposição. A base governista já garante dias difíceis para o prefeito João Doria. Vamos ficar de olho.