O clima entre os vereadores paulistanos segue quente. Na tentativa de um acordo para aprovação simbólica da pauta desta terça-feira, com maioria dos projetos de autoria dos parlamentares para apreciação em primeira votação, ficaram expostas algumas fraturas na base, durante a reunião do chamado colégio de líderes.
A proposta foi de votar simbolicamente todos os projetos, na ordem pautada, com o eventual registo dos votos contrários. Todos os partidos concordaram (inclusive o oposicionista PT), menos o vice-presidente da Câmara, vereador Eduardo Tuma (PSDB), que exigia que houvesse inversão da pauta e se votasse primeiro o reajuste salarial do TCM, ou ele faria individualmente obstrução à toda a pauta.
A vereadora Sandra Tadeu (DEM) enfureceu: chamou de "circo" as sessões e disse que "cinco donos da Câmara" manipulam todos os demais. Os vereadores Soninha Francine e Claudio Fonseca, ambos do PPS, além de Reginaldo Tripoli (PV), também se manifestaram e consideraram absurda a chantagem do vereador Tuma, que reconsiderou a posição "desde que se vote o projeto do TCM".
Assim, faz parte do acordo a votação nesta terça-feira dos projetos dos vereadores e, na quarta-feira, projetos do Executivo que fazem parte do pacotão de privatizações e concessões do prefeito João Doria (PSDB), como, por exemplo, a privatização do Anhembi (que enfrenta resistência exatamente do vereador Eduardo Tuma).
Outra polêmica é o projeto do passe-livre para os estudantes de cursinhos comunitários, de cursos técnicos e de cursinhos pré-vestibular nos serviços de transporte coletivo do município, que já motivou o adiamento das sessões da semana passada.
Há muitos interesses não declarados em jogo. Faz-se todo uma misancene, onde as posturas de alguns vereadores não refletem necessariamente o que cada um pensa e diz publicamente. Está difícil para qualquer cidadão "normal" fazer a leitura correta dos acontecimentos. Fato inconteste é a divisão da base governista.