A sessão acabou sem quorum após o pronunciamento contrário do vereador Eduardo Tuma (PSDB) e da pancadaria verbal que o secretário de Governo Julio Semeghini recebeu dos vereadores Souza Santos (PRB) e Camilo Cristófaro (PSB), com acusações e xingamentos. O presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), chegou a intervir em defesa do secretário do prefeito, determinando que alguns termos mais ofensivos fossem retirados das notas taquigráficas.
De acordo com Souza Santos, o secretário Semeghini "não é um homem confiável". Ele teria telefonado ao vereador para dizer que, por sua culpa, o governo havia sido prejudicado ao ter a pauta de votações emperrada. Relata a ligação em tom de ameaça e que o secretário lhe bateu o telefone na cara. Isso "acordou um leão" que havia nele, afirmou, e ainda concluiu indignado: "Na cara que minha mãe beijou, ninguém bate!”.
Afeito a discursos histriônicos, Camilo Cristófaro foi na mesma linha, chamando o secretário "Semingana" de mentiroso e acusando-o de ter ameaçado tomar a vaga do suplente Caio Miranda (PSB) com o retorno da titular do mandato, Aline Cardoso (PSDB), que ocupa a Secretaria do Trabalho na gestão do prefeito João Doria.
Veja aqui informações detalhadas sobre a proposta do governo, que terá uma única e definitiva votação: Projeto "X-Tudo" de Doria prevê de incentivo para hotéis e motéis em área de preservação ambiental até imposto para Netflix e isenção a escolas de samba, blocos carnavalescos e cooperativas de transporte
Também não houve entendimento para a votação do pacote de projetos de autoria dos próprios vereadores. Veja aqui alguns detalhes: Parto agendado na rede pública? Narguilé proibido para menores? Terapia floral na UBS? Nota fiscal no banco? Moradia popular para casais homoafetivos? Conheça os projetos em pauta na Câmara
Mas não foi apenas o ataque ao secretário que marcou a rápida sessão. Houve acusação de lobby de empresas como a Qualicorp, que, segundo os vereadores Tuma e Gilberto Natalini (PV), seria uma das beneficiárias diretas na redução da alíquota do ISS prevista no pacotão de mudanças tributárias que irá a votos no plenário.
Vai ser curioso também ver a bancada evangélica, que compõe a base de sustentação do prefeito, aprovar o projeto que prevê, entre outros incentivos, a instalação de motéis e "congêneres" no Polo de Ecoturismo da zona sul da cidade. Logo os evangélicos, que são tão combativos a qualquer detalhe que fuja da tradicional cartilha fundamentalista... :-)
Nem é preciso oposição. A base governista já garante dias difíceis para o prefeito João Doria. Vamos ficar de olho.