quinta-feira, 30 de março de 2017

PSOL é contra punir quem faz xixi na rua e bancada evangélica se opõe à Procissão de Xangô no Calendário Oficial da Cidade

Entre os 41 projetos de lei dos vereadores aprovados em primeira votação nesta quarta-feira, 29 de março, algumas curiosidades merecem registro. O acordo é para que as votações sejam simbólicas, manifestando-se apenas aqueles contrários, o que não impede a aprovação dos projetos em pauta. Isso para atender a uma "lista de débito e crédito", como define o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), num acordo que virou praxe na Casa para que todos os parlamentares aprovem a mesma quantidade de projetos.

Por exemplo: uma proposta do vereador Caio Miranda (PSB), aprovada em primeira votação, "dispõe sobre a aplicação de sanções à pessoa que urinar em vias ou logradouros públicos, em especial, quando da realização de grandes eventos, na cidade de São Paulo". O PSOL foi contra: Sâmia Bomfim se absteve e Isa Penna votou contra. Curioso.

Em outro projeto aprovado, que "dispõe sobre a criação do Dia da Procissão de Xangô para constar no Calendario Oficial da Cidade de São Paulo", de autoria do vereador Quito Formiga (PSDB), que é espírita, foram registrados votos contrários de vereadores evangélicos: Gilberto Nascimento (PSC), Atílio Francisco (PRB), Eduardo Tuma (PSDB), André Santos (PRB) e João Jorge (PSDB), além das abstenções de Sandra Tadeu (DEM) e Rinaldi Digilio (PRB).

Dia da Mulher Quadrangular

É inusitada esta "guerra santa" que geralmente ocorre entre a bancada evangélica e outros vereadores ligados ao espiritismo ou a religiões de matriz afro-brasileira. Dia desses, o vereador Eduardo Suplicy (PT), católico, estranhou a proposta de inclusão do Dia da Mulher Quadrangular no Calendário Oficial da Cidade de São Paulo.

Curioso para saber o que seria uma "mulher quadrangular", Suplicy foi esclarecido pelo vereador Rinaldi Digilio que se tratava das fiéis da sua igreja, que nesta quarta teve aprovado também o Dia da Igreja do Evangelho Quadrangular, a ser comemorado todo dia 15 de novembro.

E viva o Estado laico! (Só por Deus...)

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Em mais um dia de bate-boca, Câmara aprova Frente de Defesa dos Direitos da Mulher e nome de avenida para Dona Marisa Letícia

Em mais um dia marcado por muito bate-boca referente à suposta agressão do vereador Camilo Cristófaro (PSB) contra a colega suplente do PSOL, Isa Penna, que se igualou em repercussão e intensidade a outro entrevero que já havia envolvido Juliana Cardoso (PT) com Fernando Holiday (DEM), a Câmara Municipal aprovou em primeira votação (são necessárias duas para o projeto seguir para sanção ou veto do Executivo) 41 projetos de lei de autoria dos vereadores.

Dois projetos aprovados em primeira votação envolvem diretamente a causa das mulheres: um é a criação da Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Mulher; outro é uma homenagem à ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva, que morreu no dia 3 de fevereiro e já deve virar nome de avenida.

A Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Mulher é um Projeto de Resolução de autoria das vereadoras Janaína Lima (NOVO), Adriana Ramalho (PSDB), Aline Cardoso (PSDB), Rute Costa (PSD), Juliana Cardoso (PT), Noemi Nonato (PR), Sâmia Bomfim (PSOL), Edir Sales (PSD) e Sandra Tadeu (DEM). Se aprovado em segunda e definitiva votação, entra em vigor imediatamente, ao contrário dos Projetos de Lei, que seguem para sanção ou veto do Executivo.

Segundo as vereadoras proponentes, a Frente terá como foco a promoção de debates, seminários e palestras com objetivo de empoderar e proporcionar a ocupação de todos os segmentos da sociedade pelas mulheres. Lembrando que foram eleitas 11 mulheres vereadoras nas eleições de 2016. Duas (Soninha Francine e Patricia Bezerra) assumiram secretarias do prefeito João Doria. Na foto acima, as cinco novatas da Câmara: Rute, Aline, Adriana, Janaína e Sâmia.

Por iniciativa do vereador Reis (PT), deverá ser denominada Avenida Dona Marisa Letícia o prolongamento da Avenida Chucri Zaidan até a Rua Laguna, na Chácara Santo Antônio, região da Subprefeitura de Santo Amaro (zona sul da cidade). O vereador Fernando Holiday (DEM) se posicionou contra a homenagem.

Também já existe acordo para aprovação da CPI da Vulnerabilidade da Mulher, proposta pela vereadora Aline Cardoso (PSDB). Como o pedido veio depois da iniciativa da vereadora Sâmia Bomfim (PSOL), que solicitava a abertura de uma CPI especificamente sobre a Violência contra a Mulher, houve algum desentendimento até que fosse encontrada uma solução paliativa: haverá uma sub-relatoria para a vereadora do PSOL tratar exclusivamente do tema da violência.

Veja aqui todos os 41 projetos aprovados nesta quarta-feira, 29 de março.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Vereador Camilo Cristófaro nega acusação de agressão e chama vereadora Isa Penna, do PSOL, de "oportunista"; corregedor diz que voltar ao assunto é "apagar fogo com gasolina"

O vereador Camilo Cristófaro (PSB) foi à tribuna na sessão desta quarta-feira, 29 de março, para negar a acusação de agressão verbal contra a vereadora Isa Penna (PSOL) e justificar que as imagens gravadas pelo circuito interno o demonstram apenas "reagindo a provocações".

"As câmeras mostram essa jovem fazendo provocações, e me dirigi a ela dizendo o seguinte: 'Respeite essa instituição, porque aqui não é uma casa de negociatas, como você alegou. Eu vou pedir a sua cassação, porque eu não negocio. Se você faz negociatas, eu não faço!'. E se alguém aqui vestir a carapuça, que fique do lado de quem disse que esta Casa é uma casa de negociata", afirmou o vereador do PSB, tratado pelos colegas como Camilinho.

Para negar a agressão, o vereador também mencionou o fato de ser "casado há 37 anos com a mesma mulher" e ter uma filha de 28 anos, "mais velha do que a moça que me acusou". Disse ainda que tem no gabinete 15 mulheres entre os seus funcionários, o que comprovaria não se tratar de machismo ou misoginia o entrevero com a vereadora do PSOL.

"Daqui a 10, 15 dias, os senhores verão a verdade e o lado que será da calúnia, da injúria, da difamação, da falsa comunicação. Primeiro, foi dito que agredi; caiu. Depois, que eu empurrei; caiu. Em seguida, que agredi verbalmente; caiu", alega Camilo Cristófaro sobre as acusações e provavelmente antecipando o resultado que espera do processo que corre na Corregedoria da Câmara.

"Não uso de mentiras para aparecer na imprensa. Não fiz absolutamente nada", afirma. "Fiz, sim, a minha mulher chorar, a minha filha chorar, de ver essas calúnias, injúrias, difamações, de uma oportunista de 30 dias fazer contra este Parlamento", acusa o vereador do PSB, em alusão ao período em que a suplente do PSOL ocupa o cargo do titular, vereador Toninho Vespoli.

Ainda segundo a versão de Camilo Cristófaro"No momento em que ela (Isa Penna) ingressou no elevador, disse a ela: 'Você tem boca grande'. Ela respondeu: 'Quem é você?'. 'Eu sou a pessoa que vai pedir a sua cassação', falei".

Falar do caso é "querer desenterrar defunto"

Pouco antes, o corregedor da Câmara, vereador Souza Santos (PRB), em resposta à manifestação da vereadora Juliana Cardoso (PT) em apoio à Isa Penna, que afirmou que "mexeu com uma, mexeu com todas", disse que a vereadora petista "vem também a esta tribuna apagar fogo com gasolina".

"Nobre Vereadora Juliana Cardoso, já existe um processo, um procedimento e V.Exa. vem a esta tribuna... 'O Vereador Camilo...' Para que isso? Onde V.Exa. vai chegar com isso, nobre Vereadora Juliana Cardoso? Não chega a lugar algum", afirmou Souza Santos.

"Outra coisa, mulher no Brasil está sendo bem tratada. Já existem políticas para as mulheres. Agora, se um ou outro homem quer se levantar, se insurgir contra a mulher, paga com a Lei Maria da Penha. Existe legislação para isso. Ora, então, essa é a questão. É querer, em outras palavras, desenterrar defunto. Não funciona, nobre Vereadora Juliana Cardoso."

E assim caminham os representantes do povo paulistano na Câmara Muncipal...

terça-feira, 28 de março de 2017

Está ressurgindo o "Centrão" na Câmara de São Paulo?

O prefeito João Doria (PSDB) pode começar a enfrentar resistências na base governista da Câmara Municipal de São Paulo com o ressurgimento do "Centrão", grupo de parlamentares de vários partidos que se reúnem em torno de seus próprios interesses, ora votando com o governo, ora engrossando o caldo da oposição, esticando a corda até que suas demandas pontuais sejam atendidas.

Importado o modelo do Congresso Nacional com esta mesma denominação e suas práticas peculiares surgidas durante o governo do presidente José Sarney, no final da década de 80, o Centrão paulistano deu seus primeiros sinais na administração do prefeito Celso Pitta, no término dos anos 90, com os governistas "rebeldes" que se alinharam ao vice-prefeito Régis de Oliveira pedindo o afastamento do titular. Mas foi a partir da gestão da prefeita Marta Suplicy, eleita pelo PT em 2000, que o Centrão se estabeleceu de fato.

O auge do grupo foi a reeleição - por quatro vezes consecutivas, algo inédito para um cargo que só permite uma recondução por legislatura - do vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR) para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Não por acaso, idealizador e principal liderança do Centrão, ele acabou assumindo vaga no Senado como suplente da própria Marta Suplicy e foi ministro dos Transportes da presidente Dilma Rousseff.

O ressurgimento do Centrão, desta vez, parece reunir vereadores do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab (que ocupa cinco cadeiras na Casa), do PR de Antonio Carlos Rodrigues (com quatro cadeiras) e do PRB, ligado à Igreja Universal (também com quadro cadeiras). Se bem que há uma movimentação suprapartidária, reunindo por exemplo toda a bancada evangélica, que tem vereadores no DEM, no PSC e até mesmo no PSDB do prefeito paulistano, entre outros vereadores que se agregam individualmente ao grupo (um do PV, um do PSB etc.).

Os recados de descontentamento com a condução do prefeito João Doria no trato com parte da base governista são claros. Na semana passada, o vereador Souza Santos falava alto em plenário, para quem quisesse ouvir, que "os vereadores do PRB não são palhaços do prefeito".

No único projeto aprovado pelo Executivo na semana passada, chamou atenção o voto contrário do tucano Eduardo Tuma. Também marcaram pela ausência numa reunião convocada pelo prefeito com os parlamentares, nesta terça-feira, alguns expoentes deste novo Centrão. As reclamações são de que o prefeito manda por e-mail suas "ordens" para o Legislativo, que ele não valoriza a atuação dos vereadores e que "surfa" na alta popularidade sem compartilhar a onda favorável com a sua base de sustentação.

Pauta da semana

Na sessão de hoje, terça-feira (28), não houve nenhuma votação. Segundo o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), em uma reunião esvaziada do chamado Colégio de Líderes, "não há entendimento por parte do Governo" para colocar em pauta qualquer assunto. A intenção é buscar algum "entendimento" para votar projetos dos vereadores nesta quarta-feira, dia 29. Nada mais.

Plano de Metas

Nesta quinta-feira, dia 30, o prefeito João Doria estará na Câmara de São Paulo para apresentar o Plano de Metas da sua gestão, exigência determinada por lei municipal. Vamos aguardar e monitorar o posicionamento de cada parlamentar.

terça-feira, 21 de março de 2017

Semana tem pauta "light" mas clima pesado na Câmara de São Paulo

Com acordo, nesta semana, para aprovação de um único projeto do Executivo (PL 271/2016) e mais um pacote de projetos em 1ª votação de autoria dos vereadores, os trabalhos em plenário começam e terminam nesta terça-feira, 21 de março. Apesar da pauta "light", o clima da Câmara Municipal de São Paulo ficou bastante pesado com o quiprocó armado pela agressão verbal do vereador Camilo Cristófaro (PSB) contra a colega Isa Penna (PSOL), que virou caso de polícia e gera uma grande repercussão, inclusive com a manifestação de movimentos de mulheres, apesar dos esforços para minimizar o escândalo.

Na quarta-feira, dia 22, estão previstos apenas o pequeno e grande expediente, quando os parlamentares fazem uso da palavra em discursos na tribuna, mas sem a realização de sessões extraordinárias que possibilitam a votação de projetos. O presidente da Casa, vereador Milton Leite (DEM), inclusive, comunicou que estará em Brasília para a posse do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal. Na quinta-feira o horário da sessão será utilizado pela CPI dos Grandes Devedores, sob a presidência do vereador Eduardo Tuma (PSDB).

Para a próxima semana, a intenção é que sejam colocados em pauta projetos de vereadores em 2ª votação (que, aprovados, seguem para sanção ou veto do Executivo), além da retomada da apreciação de proposituras de interesse do prefeito João Doria (PSDB).

Também deverá ser implantada por acordo das bancadas a CPI da Vulnerabilidade da Mulher, abordando questões sócio-econômicas e a violência contra as mulheres.

Na quarta-feira da próxima semana também devem ser eleitos os presidentes das comissões extraordinárias da Casa. Há acordo encaminhado, por exemplo, para a eleição de Fernando Holiday (DEM) para a presidência da Comissão da Criança e do Adolescente, e de Eduardo Suplicy (PT) para a Comissão de Direitos Humanos. No lugar da sessão de quinta-feira está programado um debate sobre a Reforma da Previdência, por sugestão do líder do PT, vereador Antonio Donato.

sábado, 18 de março de 2017

Polêmica na Câmara de São Paulo: Vereadora Isa Penna (PSOL) acusa colega Camilo Cristófaro (PSB) de agressão; imagens do circuito interno mostram vereador alterado e vereadora acuada



As imagens do circuito interno da Câmara Municipal de São Paulo, ainda que sem áudio, não deixam dúvida: o vereador Camilo Cristófaro (PSB), dedo em riste e visivelmente alterado, desferiu impropérios (para usar um termo minimamente isento) contra a colega Isa Penna (PSOL) na entrada do hall do elevador privativo dos parlamentares, às 19h59 de quinta-feira, 16 de março, no 1º subsolo da Casa. Veja aqui.

Segundo Isa Penna, que completará 26 anos em 28 de março, suplente do PSOL que assumiu a cadeira do titular Toninho Vespoli durante uma licença de 30 dias justamente para ela exercer o mandato em homenagem ao mês das mulheres, ela foi chamada de "vagabunda" e as agressões começaram no elevador privativo.

"Ele me agrediu verbalmente e fisicamente", acusa a vereadora do PSOL, em vídeo veiculado nas suas redes sociais e que deve render processos contra o vereador do PSB na Corregedoria da Câmara e na Justiça comum, podendo resultar até em cassação.

Segundo depoimento da parlamentar, ela encontrou Camilo Cristófaro no elevador e o cumprimentou: "Tudo bem?". Ao que ele teria respondido: "Não, não está nada bem! Com essa boca que você tem, não se assuste se tomar uns tapas lá fora!".

"Não bastando isso, me empurrou e me chamou de vagabunda", acusa Isa Penna, que registrou queixa na Delegacia da Mulher. Ela recebeu 12.439 votos nas eleições de 2016 com uma campanha marcada exatamente pela pauta feminista.

Ex-chefe de gabinete da Presidência da Câmara durante os mandatos de Antonio Carlos Rodrigues (PR) e José Américo (PT), o vereador Camilo Cristófaro, que gosta de ser chamado de Camilinho, não parecia muito preocupado com a repercussão do caso: "Quem te falou foi ela [Isa Penna]. Você vem com essa conversa de PSOL. Não vem com essa conversa pra cima de mim (...). Põe ai o que vocês quiserem", afirmou o vereador a um jornalista que tentou ouvir o "outro lado".

A campanha de Camilo Cristófaro, que obteve 29.603 votos em 2016, também foi baseada sobretudo nas redes sociais, em vídeos gravados com um estilo único e o slogan que virou sua marca: "Se a sua verdade for a minha verdade..." para atrair seus eleitores.

A polêmica vai render. Não é pouca coisa, mais um caso de agressão relatado em apenas dois meses de trabalho na Câmara de São Paulo. Também não parece simples acaso que envolva outra vereadora jovem e declaradamente bissexual, assim como ocorre com Fernando Holiday (DEM), 20 anos de idade, gay e negro, que vive às turras com a bancada do PT.

Conclusão: à esquerda ou à direita, os novatos parecem incomodar alguns grupos estabelecidos por terem chegado lá. De um lado e de outro, despertam a ira dos que se sentem ameaçados e enxergam nessa mudança ora um "capitão do mato", ora uma "vagabunda" prontos a desafiar o status quo.

Que venham novos atores para esse palco modorrento da política! O Brasil agradece!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Semana da Câmara se resume a "limpeza" da pauta de vetos e corte de supersalários, além de polêmicas e acusações envolvendo vereadores

A intenção dos vereadores paulistanos era votar um pacotão de projetos em sessões extraordinárias, mas a semana da Câmara Municipal de São Paulo não foi das mais produtivas. Sem votações na terça e na quarta-feira (aliás, desde antes do Carnaval), o plenário limitou-se a uma pequena "limpeza" na pauta das sessões ordinárias com a manutenção de vetos do Executivo sobre projetos aprovados de vereadores, deixando pendentes apenas outros vetos que regimentalmente poderão ser derrubados.

Além da quarta-feira marcada por greve de servidores, paralisação do transporte público e manifestações contra a Previdência, notícias da imprensa influenciaram os ânimos da Casa. Uma positiva (o corte de supersalários) e outras negativas (acusação de suposto caixa dois na campanha de Fernando Holiday, do DEM, e de funcionário fantasma no gabinete de Claudinho de Souza, do PSDB).

O clima também esquentou quando Adilson Amadeu (PTB) questionou, da tribuna, a vereadora Isa Penna (PSOL), suplente que assumiu interinamente a vaga do colega Toninho Vespoli como homenagem do seu partido ao mês das mulheres, sobre um discurso em que ela teria mencionado "projetos que são negociados" na Câmara. Seguiram-se reações indignadas de parte a parte e muito bate boca, do tipo "tenho um nome a zelar", de um lado, e "não temos medo de cara feia" do outro.

Quem também demonstrou bastante insatisfação foi Celso Jatene (PR), cuja proposta de criar uma "Comissão de Estudos" para analisar os projetos de privatizações e concessões de espaços públicos, que serão apresentados pelo prefeito João Doria (PSDB), não foi acatada pela maioria dos vereadores. Restou o "jus sperniandi" (o direito de reclamar).

terça-feira, 14 de março de 2017

Base do prefeito João Doria quer aprovar dois projetos de Haddad, que devem sofrer obstrução da bancada de vereadores do PT

Por encaminhamento do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (DEM), e do líder do governo, Aurélio Nomura (PSDB), estão pautados para a sessão desta quarta-feira, 15 de março, dois projetos do Executivo, ou seja, de interesse da gestão do prefeito João Doria (PSDB).

Com um detalhe inusitado: os dois projetos (PL 271/2016 e PL 272/2016) são oriundos da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e sofrerão obstrução (já anunciada) da bancada de vereadores petistas.

Esse comportamento gerou uma cena de humor involuntário: Milton Leite comentou que "imaginava" que o PT apoiasse os projetos por serem de autoria de Haddad. De pronto, o líder da bancada petista, vereador Antonio Donato, respondeu que o presidente da Casa "imaginava errado". Seguiram-se risos e gargalhadas no "colégio de líderes", ao melhor estilo da claque dos humorísticos da TV (como a Escolinha do Professor Raimundo).

Os dois projetos do Executivo tratam das Finanças do município: um define a omissão de receita como infração à legislação tributária e estabelece multa para os contribuintes infratores; e outro dispõe sobre a compensação de créditos tributários com débitos tributários, buscando tornar mais ágil, eficaz e racional a quitação de dívidas por parte dos contribuintes.

É óbvio que tais projetos, por preverem mais recursos para o município, sempre interessam ao governo da ocasião (e, por outro lado, serão questionados pela oposição do momento).

Curiosamente, esta será mais uma oportunidade para verificar o PT e o PSDB em papéis trocados, cada um defendendo o que combatia até então, e vice-versa.

De qualquer modo, a intenção é aproveitar a experiência já acumulada pela CPI dos Grandes Devedores, que vem acontecendo na Câmara sob a presidência do vereador Eduardo Tuma (PSDB), para que sejam agregadas novas propostas para melhorar a saúde financeira da cidade.

Também deve ser apreciado um pacotão de projetos de vereadores: além das denominações e honrarias habituais, é intenção do presidente Milton Leite que cada vereador tenha dois projetos pautados e em condição de aprovação por votação simbólica, naquilo que ele chama de "Lista de débito e crédito da Liderança do Governo". Ou seja, para cumprir o acordo informal entre os vereadores de aprovar a mesma quantidade de projetos no decorrer da legislatura.

Outro acordo é o de "limpar a pauta de vetos": trata-se de vetos do Executivo sobre projetos de vereadores, que podem ser mantidos ou derrubados pela Câmara e ficam pendentes na pauta. Ficou decidido que cada bancada deve apresentar uma lista de vetos que podem ser mantidos e outros que os vereadores tem intenção de tentar a derrubada em plenário. Por exemplo, o líder do PSD, vereador Police Neto, apresentou a lista do seu partido: propõe manter 50 vetos em troca da derrubada de 17.

Porém, o líder do Governo, Aurélio Nomura, já informou que o Executivo solicitou que não se vote a derrubada de vetos neste momento. Em troca, disse que negocia, em nome do prefeito João Doria, a aprovação e sanção de dois projetos por vereador.

Câmara retoma atividades em semana marcada por luto pela morte de Brasil Vita e dia de greve que promete ser caótico

Passada a ressaca do retorno do Carnaval, a Câmara Municipal de São Paulo retoma os trabalhos em mais uma semana complicada: nesta terça-feira, luto pela morte do ex-vereador e ex-presidente da Câmara, João Brasil Vita, aos 94 anos de idade; na quarta-feira, clima de greve de funcionários públicos (puxada principalmente pelos professores das redes municipal e estadual) e outras categorias de trabalhadores, com expectativa de ser um dia caótico na cidade.

Há assuntos pendentes que são polêmicos: a votação da "privatização da poda de árvores", projeto de lei que vai tirar da Prefeitura a responsabilidade sobre a poda e transfere (inclusive o custo) ao contribuinte; o pacotão de privatizações de espaços e equipamentos públicos; e a discussão da derrubada de vetos do Executivo (nas gestões anteriores) a projetos de vereadores.

Vamos ver qual será o ritmo da semana a partir da vontade política da maioria e desses fatores externos que podem emperrar mais uma vez as sessões e votações.


terça-feira, 7 de março de 2017

No retorno pós-Carnaval, vereadores recebem o prefeito João Doria para reunião e debatem o que podem votar na sessão de quarta

Cumprindo a promessa que fez aos vereadores paulistanos desde antes da posse, o prefeito João Doria (PSDB) compareceu mais uma vez à Câmara Municipal de São Paulo para dialogar sobre a gestão da cidade e a relação entre o Executivo e o Legislativo, essencial para consolidar a imagem do prefeito como gestor competente e trabalhador.

Entre os projetos que serão encaminhados para apreciação dos vereadores estão mudanças nas regras da poda de árvores, por exemplo, assunto tratado como emergencial pela Prefeitura, e o pacotão da privatização e concessão de equipamentos municipais, como o autódromo de Interlagos, o complexo do Anhembi, o estádio do Pacaembu, parques, mercados municipais e até mesmo o serviço funerário.

O líder do PT, vereador Antonio Donato, reclamou da falta de informação com relação aos projetos do Executivo a serem votados na Câmara. Referiu-se especialmente a este projeto da poda de árvores. O que se entende da intenção do governo é uma espécie de "privatização" da poda, transferindo a cada morador a responsabilidade (e o custo) que hoje cabe ao poder público. Foi lembrado que a ocasião para discutir o assunto seria exatamente a reunião do prefeito Doria com os vereadores, mas o petista se negou, alegando que não se reúne com o prefeito em protesto ao "desrespeito" de Doria com o ex-presidente Lula.

Sessões de quarta e quinta

Volta ao trabalho em plenário, de fato, está prevista somente para esta quarta-feira, 8 de março, quando deverá ser votada uma pauta de projetos de vereadores, limitada a honrarias e denominações (de acordo com a "lista de débitos e créditos", como se refere o presidente da Câmara, vereador Milton Leite, ao acordo informal de se aprovar uma cota idêntica de projetos por parlamentar).

Também há intenção de derrubar alguns vetos e aprovar o projeto da poda de árvores. Mais uma vez querendo polemizar, Donato sugeriu derrubar o veto a um projeto do tucano Mario Covas Neto, que previa bilhete único gratuito para os desempregados e foi vetado pelo prefeito Fernando Haddad, do mesmo PT de Donato, por criar indevidamente despesas para o Executivo.

A sessão de quinta-feira, dia 9, será a tradicional homenagem das bancadas às suas indicadas pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado na véspera.