Podem alegar que não é verdadeira essa afirmação da simpatia da Nossa São Paulo por Haddad e que a pressão sobre Doria é oportuna para guiar a execução do seu Plano de Metas. Ok, que seja. Mas por que, então, cobrar de Doria compromissos como o retorno da inspeção veicular, se foi o petista que interrompeu o serviço? Alguém se recorda de algum tipo de pressão contra Haddad por essa medida ou pelo descumprimento do Plano de Metas?
E qual foi a ação da Nossa São Paulo diante da incompetência e da irresponsabilidade de Haddad ao prorrogar indefinidamente o contrato vencido há anos com as empresas de ônibus (aliás, assinado há 15 anos pelo mesmo secretário de Transportes, Jilmar Tatto), para um sistema caríssimo e obsoleto, enquanto já cobram do atual prefeito que faça logo a nova e necessária licitação?
Pedir que Doria fortaleça a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, então, parece piada de mau gosto diante do estado de abandono e descaso de Haddad com o tema. Observe a situação de praças e parques. Repare a sujeira dos córregos, a (falta de) limpeza das ruas. Conte quantas milhares de árvores condenadas despencaram sobre carros e vias públicas. Veja o absurdo das inúmeras áreas de mananciais que foram invadidas com respaldo de lideranças petistas.
Vamos aguardar para ver como será a relação com o prefeito tucano... Mas que já causa estranheza essa mobilização de fim-de-ano, bem diferente do espírito colaborativo e contemplativo que houve em toda a gestão de Haddad, isso é inegável.
Voto Consciente
Aliás, não foi apenas o comportamento da Rede Nossa São Paulo que parece ter mudado nos últimos anos. Outra entidade, o Movimento Voto Consciente, também deixou de lado o espírito crítico da sua origem. Para se ter uma ideia, no último ranking de avaliação dos vereadores (que serve de marketing pessoal e eleitoral dos vereadores-candidatos à reeleição), a condescendência com os parlamentares petistas saltou aos olhos.
Para a entidade, os cinco primeiros colocados em "qualidade" na Câmara são vereadores do PT, obviamente da base governista: Alfredinho, Reis, Vavá, o "campeão" Paulo Fiorilo, coincidentemente também presidente municipal do PT e não-reeleito em 2016, e o veterano Arselino Tatto, não por acaso o líder do governo Haddad. Surpresa?
Para quem vê de fora essas organizações, é difícil separar o interesse público do privado; a visão verdadeiramente cidadã da mera intervenção partidária e eleitoreira; os critérios científicos do político. Ou, para citar um único caso emblemático, e com todo o respeito aos envolvidos, entender como o Voto Consciente pode classificar o vereador-humorista Marquito (PTB), por exemplo, como melhor que Ricardo Young (Rede Sustentabilidade). Sem comentários.