Então, vamos lá! Primeiro, não é novidade que TODOS os partidos encontram dificuldades para ter mulheres candidatas. Quem disser o contrário estará mentindo. Mas como vai se OBRIGAR uma mulher a ser candidata apenas porque uma bendita cota determina isso? Pior, como vai se OBRIGAR um partido a convencer essa mulher a ser candidata e, mais ainda, OBRIGAR o partido a investir recursos nessa campanha?
Entre o mundo ideal das leis impressas e o mundo real da nossa política há um abismo intransponível. Que as mulheres devem ser incentivadas a participar da vida partidária e de associações, sindicatos, ONGs, movimentos etc., ninguém tem dúvida. Que devem ser incentivadas a se posicionar politicamente, a tentar uma candidatura, a se eleger e aumentar a representação feminina, é uma certeza que todos nós temos. Mas, de novo, isso se dará com as benditas cotas?
Pergunta-se: Alguma dessas mulheres foi eleita por causa da cota feminina? Certamente, não! Veja o perfil de cada uma delas. São todas destaques em movimentos sociais, ou lideranças no meio evangélico, ou filhas de políticos tradicionais, ou personalidades bem sucedidas nas suas áreas de atuação. Nenhuma foi atraída pela obrigatoriedade dos 30%.
Assim como todas as mulheres que se destacam na política, nenhuma entrou pelo benefício da cota, mas por vontade própria, por vocação: Dilma Rousseff, Marina Silva, Marta Suplicy, Luiza Erundina, Heloísa Helena, Luciana Genro, Soninha Francine... Busque quantos exemplos quiser, é um fato indiscutível!
O que nos permite concluir: devemos obviamente buscar meios criativos e eficazes para atrair mulheres com interesse, predisposição, aptidão, talento para a política; e aí sim, facilitar e capacitar essas mulheres dentro dos partidos políticos para serem candidatas. A mulher na política não deve ser uma obrigação, mas uma opção. Não pode ser um dever, mas um direito. Uma decisão consciente, responsável e madura, jamais uma imposição fundamentalista.
A política e os sistemas partidário e eleitoral brasileiros precisam de reformas profundas. Defendemos amplas e inúmeras mudanças, todas elas para atrair os cidadãos de modo geral para a boa política, democrática e republicana, com igualdade de oportunidades para todos, sem segregacionismo por gênero, idade, origem, formação, raça, cor, deficiência, crença, condição financeira ou orientação sexual. Simples assim.