Em meio à polêmica sobre os planos eleitorais do prefeito
João Doria, embora siga negando publicamente ser candidato
(e curiosamente tenha participado do programa Canal Livre, da Band, neste domingo, exclusivo para os presidenciáveis), ele deu à Câmara Municipal de São Paulo as diretrizes do governo: acelerar o pacote de privatizações, dando especial atenção agora ao Complexo do Anhembi,
em 2ª e definitiva votação, e ao Autódromo de Interlagos, em 1ª votação. Tudo para reforçar o caixa (e o relatório de realizações) para 2018.
O argumento para votação do
PL 705/2017, do Executivo, que dispõe sobre a alienação do imóvel denominado “Complexo Interlagos”, no âmbito do Plano Municipal de Desestatização, é realmente o mais inusitado: aproveitar a realização do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, neste fim-de-semana, para
"colocar na vitrine o projeto de comercialização de Interlagos", nas palavras do presidente da Câmara, vereador
Milton Leite (DEM).
Também parece constrangedora a defesa dessa aceleração da privatização de Interlagos pelos vereadores da base, sendo que eles própríos
- e assim se manifestaram, por exemplo, Police Neto (PSD), Adriana Ramalho (líder do PSDB) e o próprio Milton Leite - reconhecem que o texto apresentado é ruim, com pouquíssimos esclarecimentos à sociedade, inclusive com a omissão dos valores e condições do negócio, e com a ausência das audiências públicas necessárias.
Ainda assim, a estratégia dos vereadores governistas é tentar atropelar a Comissão de Constituição e Justiça e pautar o projeto diretamente no chamado "Congresso de Comissões", para votá-lo em regime de urgência, sem o trâmite normal nas comissões internas (e sem passar ao menos pela CCJ, o que sempre foi praxe e tem causado indisposições com o seu presidente, vereador
Mario Covas Neto, do mesmo PSDB do prefeito, até na Justiça).
De resto, a intenção é votar também os
projetos de vereadores que estão travados na pauta há semanas. O clima segue quente com a chegada do vice-prefeito
Bruno Covas como novo articulador do governo com o Legislativo, no lugar do secretário de governo
Julio Semeghini,
defenestrado da função a pedido dos parlamentares da base - que apresentaram a fatura pela aprovação do "
X-Tudo" do prefeito. Mais uma semana que promete, antes do próximo feriadão.