quarta-feira, 12 de abril de 2017

Tucano Eduardo Tuma diz que há "carne podre" no governo Doria

O vereador Eduardo Tuma​, no exercício da presidência da sessão desta terça-feira na Câmara Municipal de São Paulo​, sugere que o prefeito João Doria​, "que se diz gestor", deveria "cortar na carne" os males da Prefeitura de São Paulo​.

Aí foi mais didático: "No caso, esta carne é uma carne podre", disse, referindo-se ao secretário municipal de Justiça, Anderson Pomini.

A revolta do vereador tucano contra o secretário da administração do seu próprio partido se deu após Pomini ter criticado o que considerou uma "invasão" dos integrantes da CPI dos Grandes Devedores, presidida por Tuma, à Procuradoria Geral do Município.

Tuma ilustrou a sua fala contra Pomini, sentado na cadeira de presidente da Casa, com imagens de Roberto Jefferson​ dizendo que José Dirceu "despertava seus instintos mais primitivos" e com Fernando Collor​ mandando que algum desafeto "engula as palavras".

Não contente com a mensagem subliminar, foi direto: era o que tinha a dizer ao secretário de Doria.

Altíssimo nível!

Aqui a íntegra da fala de Tuma contra o secretário Pomini:, após exibir matéria da Rede Globo e vídeo gravado pela assessoria dos vereadores durante "visita" dos membros da CPI à Procuradoria, comparando inclusive ao episódio do colega Fernando Holiday na polêmica vistoria que fez às escolas municipais:

Esse primeiro vídeo mostra claramente que a CPI foi convidada pelo Procurador-Geral. Quando chegamos, fomos recepcionados pelo Procurador-Geral. Então, fomos convidados; autorizada foi a nossa entrada; supervisionada foi a nossa visita, inclusive com declaração pública na Rede Globo de que a visita foi absolutamente cordial.

Onde talvez tenhamos um ponto de convergência: a CPI faz diligências e o subsecretário de Surem, Ivo Gandra, também faz diligências. Aqui a própria Prefeitura alega que estas sim são diligências surpresas e que os estabelecimentos não sabem que estão sendo diligenciados, visitados, diferentemente de como é a CPI.

Conforme matéria jornalística, “Doria defendeu o direito de Holiday de visitar as escolas e qualquer outro equipamento público para avaliar a qualidade dos serviços prestados à população. ‘Eles têm o mandato para isso’, afirmou”. Então, em primeiro lugar, não vou justificar o ato, pois não sou advogado do Vereador Holiday, mas justifico a visita do Vereador às escolas. Compadeço-me de V.Exa. pelos ataques que sofreu, solidarizo-me com V.Exa., pois nós também fizemos a mesma coisa: visitamos uma repartição e fomos atacados.

Aliás, é difícil, em uma gestão de 100 dias – e eu estava aqui no mandato passado – justificar um prefeito que fez tanto e hoje é cotado para ser Presidente da República quando, na gestão passada, os Vereadores tentavam explicar o porquê das não atividades intensas do antigo prefeito. Mas o nosso prefeito, que se diz gestor, João Doria, já afirmou que quando não houver resultado em determinada Secretarias ou quando houver problemas nelas, S.Exa. irá, como gestor, obviamente, se for preciso, cortar na carne. Parece-me que nesse caso temos uma carne que já está podre, que já está talvez com papelão ou maquiagem. Parece-me que essa sim precisa ser cortada.

Quando um Secretário de Justiça faz uma afirmação como a que fez, não ataca a mim como Vereador, ataca aos 7 Vereadores, e, quando o faz, ataca uma CPI, uma instituição da Câmara Municipal; e, fazendo-o, ataca a própria Câmara Municipal, o próprio Legislativo de forma afrontosa, sem conhecimento de causa. Ele diz algo que não é verdade, que não condiz com a verdade ou com a realidade. Quem não fala a verdade, mente. Se esse Secretário mentiu, inclusive publicamente, como foi o caso averiguado e comprovado por nós, talvez não seja digno de, inclusive, continuar no caso; talvez seja o caso de pedir exoneração.

Para que ele não macule a boa gestão do Prefeito Doria, a CPI continuará com seus trabalhos.

Vou passar um último vídeo, que reflete talvez, Vereador Claudio Fonseca, um pouco deste que lhe fala, do sentimento que tenho em relação à fala do Sr. Prefeito, daquilo que entendo da fala de S.Exa., e daquela que seja a ação que entendo S.Exa. deva tomar. São três partes. Por favor, o discurso número dois.

(Apresentação audiovisual do ex-deputado Roberto Jefferson dizendo que José Dirceu lhe despertava os "instintos mais primitivos"; e Fernando Collor mandando que um interlocutor "engolisse as palavras")

Acabou. É isso. Então “desperta em mim instintos primitivos”. Quero que essas palavras que foram colocadas de forma absolutamente errôneas sejam retiradas pelo Secretário que ocupa a Pasta, e que ele emita uma contranota dizendo que não houve invasão, Vereador Ricardo Nunes. Porque, senão, como afirma a nota da CPI, não há mais condição de ele continuar no cargo.