Na pauta de projetos da Câmara Municipal de São Paulo que devem ser aprovados em votação simbólica nesta quarta-feira, 9 de agosto, um apanhado de ideias que chovem no molhado e agrados endereçados ao eleitorado específico de cada vereador.
Por exemplo, com a proposta de "incentivo às comunidades de samba" (PL 311/2016), de autoria de Alfredinho (PT) e Milton Leite (DEM), ou com mais um ataque explícito ao aplicativo Uber, chamado de monopólio de consequências nefastas pelo "defensor dos taxistas" Adilson Amadeu (PTB) no PL 55/2017, que limita os motoristas do sistema a 20% do número de taxistas, entre outras barreiras como a adoção de placa vermelha, obrigatoriedade do licenciamento na cidade e identificação visual dos carros - o que na prática inviabiliza o atual modelo do serviço.
Até mesmo a adoção de corridas grátis e de outras promoções que reduzem bastante o preço da corrida, que sempre foram os principais atrativos da Uber para fidelizar seus usuários, seriam proibidos se este projeto virar lei, segundo o vereador proponente, para combater a "concorrência desleal" e "afastar a infração à ordem econômica pela prestação do serviço de transporte privado individual de passageiros injustificadamente abaixo do preço de custo ou com abuso da posição dominante, inclusive por meio da regulação dos preços praticados, possibilitando assim o reequilíbrio do mercado e a subsistência de todos os prestadores de transportes individuais remunerados."
Na justificativa do seu projeto, Adilson Amadeu critica inclusive que "o Poder Judiciário Paulista tem se curvado ao ´novo´ modelo, sob o fundamento de que se trata de transporte privado individual, avalizando que a proibição encerra transgressão aos princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência."
Se não bastasse propor a descaracterização dos aplicativos de transporte na cidade, Adilson Amadeu ataca nominalmente os vereadores que defendem o serviço. Nesta terça-feira, repreendeu duramente o jovem colega Caio Miranda (PSB), que havia defendido o uso de aplicativos e criticado as restrições impostas por lei, tachando-o de "filhote de procurador" e vereador atrelado à Uber, e veja só a ironia involuntária: o parlamentar atacado - eleito com forte campanha nas mídias sociais - é também cantor do bloco carnavalesco "Vou de Táxi".