Como se sabe, jovens representantes de diversos movimentos sociais e organizações de estudantes se reuniram e, aproveitando a entrada liberada para uma audiência pública, na quarta-feira, 9 de agosto, ocuparam o plenário da Câmara Municipal de São Paulo.
Espalharam suas faixas, fizeram barricadas com cadeiras e, com apoio declarado de parlamentares e dirigentes do PT, do PSOL e do PCdoB, além de figuras carimbadas do movimento popular como o padre Júlio Lancellotti e a autodeclarada imprensa livre (a mesma da retórica do golpismo contra o governo petista), tomaram aquela que é chamada de "casa do povo" - ou que oficialmente recebe o pomposo nome de Palácio Anchieta.
O motivo anunciado da ocupação é um protesto "do povo" contra o pacote de privatizações e concessões do prefeito João Doria (PSDB) e a favor do passe livre, mote idêntico ao já histórico movimento das ruas em 2013.
Comunicam-se pelas mídias sociais, através de suas próprias páginas e perfis pessoais. Fingem desprezar a grande imprensa, mas vibram de satisfação quando aparecem nos telejornais da Rede Globo ou na capa da Folha de S. Paulo - a tal mídia golpista que ora eles odeiam, ora amam, num comportamento bipolar tipicamente adolescente.
Fazem suas próprias regras e zelam pela imagem. Duas horas depois da ocupação, na quarta-feira, reclamavam estar sob rigorosa greve de fome (sem comida e sem água) imposta pelo presidente da Câmara, vereador Milton Leite (DEM), enquanto as imagens do Câmara Man desmentiam o discurso vitimista: bolachas, sucos e salgadinhos circulavam livremente pelo plenário, além do livre acesso aos banheiros e aos filtros de água da Casa.
Diga-se, aliás, que tentaram impedir a presença de jornalistas. Fecharam o acesso da sala de imprensa e ficaram indignados com a "reocupação" do espaço livre dos profissionais (nota do autor: precisam aprender melhor o que é liberdade e democracia, meninos).
O acesso da chamada grande imprensa também foi limitado (estranhamente, com apoio da presidência da Câmara). Fotógrafos, cinegrafistas e repórteres foram liberados apenas para uma "entrevista coletiva" (nos moldes de Lula, uma "entrevista" sem perguntas), que na verdade era um jogral - a declamação coletiva do manifesto "oficial" escrito ali na hora, com auxílio dos parlamentares ditos de esquerda, advogados e orientadores mais experientes de sindicatos e movimentos organizados como o MTST.
A Câmara tentou garantir na Justiça a reintegração de posse para desocupar o plenário. Uma liminar, porém, dá cinco dias para os ocupantes deixarem a Câmara. Bingo! Que orgulho para os defensores da causa! A ocupação segue: contra a política tradicional e agora com respaldo do Judiciário! O resultado saiu melhor que a encomenda! Visibilidade na mídia e repercussão no país inteiro para os novos heróis da geração do iPhone 7. Assista aqui online.
São, definitivamente, jovens maduros*!
(*Agora interprete o significado: quem defende a ocupação, elogia a consciência e a politização dos jovens, cuja eficiência e repercussão do ato supera até mesmo o modelo adulto; quem critica, aponta o DNA totalitário destes jovens projetos de ditadores, à la Nicolás Maduro. Julgue você mesmo...)