Não por acaso, os quatro secretários exonerados em oito meses de gestão são os mais "políticos", ao pé da letra, ou seja, todos os demitidos são vereadores, os políticos mais tradicionais, com mandato. Quatro dos cinco parlamentares escolhidos pelo prefeito para o secretariado já caíram. Além dos já mencionados, saiu também Eliseu Gabriel (Trabalho), que ocupava uma vaga destinada ao PSB e foi substituído pela também vereadora Aline Cardoso, do PSDB; e resta ainda o último dos
A demissão de Natalini expõe um momento crucial da gestão do prefeito João Doria e também da sua relação com o Legislativo e com os partidos que o apoiam. Com a cada vez mais provável intenção de se candidatar em 2018 (embora negue, como manda a cartilha do bom gestor e do não político), as peças já se movem no tabuleiro como consequência do jogo eleitoral.
Comenta-se que Natalini, por ser de fato um ambientalista, gerava incômodo na relação do governo com o setor imobiliário e da construção civil, por ser intransigente no cumprimento da legislação, além de não embarcar nos truques publicitários como os muros verdes da Avenida 23 de Maio como substitutos das necessárias plantação de árvores e implantação de parques.
Também bateu de frente duas vezes com o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (DEM), aliado preferencial do prefeito e que na prática atua como líder do governo, com muito mais poder de fogo que o líder "oficial", vereador Aurélio Nomura (PSDB). O secretário cobrou de Milton Leite R$ 9 milhões de multas ambientais e se opõe ao seu projeto de adiar por 20 anos a adoção de combustíveis menos poluentes pela frota de ônibus da cidade.
Agora, atenção: Os nomes cogitados para substituir Natalini são um grande desserviço para a agenda ambiental: segundo divulgado hoje pela imprensa, um possível acerto político com o PR pode levar à nomeação, para a Secretaria do Meio Ambiente, do ex-ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, ou do vereador Toninho Paiva. Para um gestor que pretende se desvincular da "velha política", nada mais incoerente.